7 de Setembro (e não apenas outro feriado)

Ontem de noite (6 de Setembro) deixei o computador ligado baixando os hinos do Brasil: nacional, da bandeira e da independência, estes dois últimos só sei cantar algumas partes. De manhã, a primeira coisa que fiz foi cantar os hinos. Assim como em todas as vezes que canto, desde criança, eu sinto que não tem algo que me una mais ao meu país que cantar o hino brasileiro. Talvez o nacionalismo venha à tona ao entoar os versos do mesmo, talvez seja só uma impressão minha...

Fui então checar as notícias na internet. À exceção do "O Povo" e do "Estado de São Paulo", nenhum outro jornal ou portal (pelo menos os que procurei na internet: UOL, Globo, Verdes Mares, Folha de SP, Terra) destacava a data alusiva à Independência do Brasil. O único tipo de menção tratava-se de "confira a agenda dos candidatos à presidência neste 7 de setembro".

É, assim como tantas outras datas, o 7 de Setembro virou apenas mais um feriado... alguém saiu às ruas para ver o desfile das Forças Militares ou assistiu a cerimônia de Brasília pela TV? Ninguém, talvez poucos... Não estou querendo me taxar de brasileiro exemplar ou me excluir da culpa. Só quero alertar pra essa passividade que nos afeta há tanto tempo. Sinceramente, a última demonstração de manifestação política feita pelo povo que eu me recordo (mas a minha memória me trái às vezes) foi o impeachment contra o Collor, mas nem assim teve raiz 100% política.

A identidade de um país é estabelecida pelo seu povo. Se o povo não conclama a responsabilidade de contribuir para melhorar seu país para si, quem o fará? O nacionalismo não pode ser vivido apenas de dois em dois anos (nas Olimpíadas e na Copa do Mundo), quando bandeirinhas são penduradas nos vidros do carros - e tão logo o Brasil seja derrotado na Copa, elas são retiradas. Aqui cabe uma menção ao Blog da jornalista esportiva Soninha: "outro dia estava pegando um táxi e notei que, mesmo depois da Copa, ele ainda tinha a bandeirinha do Brasil. Falei pra ele: 'poxa, o senhor é mesmo nacionalista, né?' Ele me disse: 'pois é, mas ainda tem o vôlei' "

Não se vive Brasil também só em época de eleições (e olhe lá se ele realmente é 'vivido'). Votar? Por qual razão? "Está tudo um lixo mesmo...", "políticos são todos iguais!" "Vou votar NULO", "vou votar EM BRANCO". Agindo dessa forma, TOTAL e PROFUNDA vai ser a sua responsabilidade por o Brasil continuar a ter suas mazelas, sejam sociais, políticas, culturais... ! Eu posso estar pensando errado, então discutam comigo isso, mas esse é o meu ponto de vista desde que eu pude exercer meu poder de voto, um dever - e direito - de cidadão. Para mim, acho que é mais válido um protesto contra as ações dos políticos do que votar em branco ou nulo. No entanto, vejam só o que houve nas eleições passadas: deu Débora Soft. Não vou dizer que fui atrás de conhecer propostas ou projetos que ela tem (ou tinha na época da campanha) antes de criticar e negar meu voto a ela, não o fiz. Mas tenho certeza de que grande parte dos que votaram nela, não só não foram atrás de suas propostas políticas, mas também deram seu voto à ela para ver no que ia dar, se ela ia mesmo ganhar, e como que ia ser depois.

O voto é o instrumento que lhe é facultado aos 16 anos para que você exerça sua escolha política e, por conseguinte, o caminho que o país irá seguir durante os 4 anos seguintes. Faça um uso racional do mesmo.

Só pra encerrar essa discussão sobre voto, já ouvi de algumas pessoas, quando argumentei isso, que eu pensava assim porque era novo, porque não tinha visto o tanto de história que eles já tinha vivenciado, não estava calejado de ter esperanças ínfimas. Bem, é um compromisso que eu vou tentar manter até o fim, o de que eu posso influenciar no desenvolvimento do meu país, seja com meu trabalho, com o meu voto, seja com minhas ações.

Quando você tá morando no exterior, você não é apenas um cearense, um nordestino, você é um Brasileiro. Você tá representando o teu país, o local onde você nasceu, a cultura que foi absorvida por você. Dá um orgulho quando eu falo que sou do Brasil, você esquece um pouco dos problemas que o acometem para poder promovê-lo, expressar suas vantagens - mas sem esquecer as comparações. Há umas duas semanas, eu tava conversando com mais dois brasileiros na frente do que seria um 'Centro de Convivência' da universidade, onde circulam muitos estudantes. Então chegaram mais outros dois brasileiros que conhecíamos e ficamos em 5. Depois ouvimos uma pessoa se aproximar do grupo e dizer: "Vocês são brasileiros?" Poxa, aquilo tava ficando legal, era uma reunião do Brasil improvisada e, não mais que de repente, surgem mais outros dois brasileiros que estão morando aqui pra fazer curso de inglês. Tudo bem que o domínio cearense ficou 'ameaçado' pelos paulistas hehehe, mas no final éramos acho que 9 brasileiros conversando numa roda aqui nos Estados Unidos, fora do nosso país. Lembro que isso foi um fato que me animou o dia, sentir a brasilidade de cada um, uma união de pessoas do teu país, iguais à você... me fez sentir um pouco em casa...

Vou terminar o post porque tô me alongando demais. Só queria que vocês pensassem no que é SER BRASILEIRO, dar valor ao nosso país mesmo quando ele parece carente de idéias novas, de mudanças. Como eu disse, é o povo que determina a história do seu país. Nós somos o povo, portanto, vamos à LUTA!

Victor, 21, Brasileiro, Nordestino, Cearense.

p.s: Encontrei um diagrama dos Estados que estão na Bandeira do Brasil.