25 de jan. de 2007

[Vista da varanda em direção ao chão]

23 de jan. de 2007

Parte 2


Lá em cima, olhando para trás, o floco de neve observava uma grande mancha branca, a mesma que estaria, em minutos, sedimentada nos telhados das casas que ele via abaixo.

A neve dá uma sensação de tranquilidade, de paz, de que tudo pode ficar homogêneo. Talvez por suavizar os contrastes de cor, de nível, de textura...

Luisa abriu a segunda porta da frente e pode sentir o vento frio em seu rosto. Em pouco tempo, estaria sentindo uma formigação no queixo, como se pequenas agulhas fossem espetando-lhe a pele. No entanto, a sensação de ver a neve caindo superava os empecilhos causados por esta. Uma chuva de flocos finos caindo em câmera lenta.

Alguns dos flocos que havia visto antes já haviam se derretido ou voado pra bem longe. Qual o sentido de eu ser formado e desaparecer em tão pouco tempo? O que poderia fazer de útil enquanto existisse? Posso ser visto como algo importante, incomum no tempo, mas há tantos de mim, como irão me ver unicamente?

Quanto mais neve caia, mais Luisa ficava admirada. De perto, seus olhos castanhos, claros como mel recém-tirado da colmeia, eram pintados por pequeninas manchas brancas que passavam pela íris, de cima a baixo. Ela saiu da coberta e foi para o lado de sua bicicleta rosa, ficou olhando pra cima... Que gosto tem a neve? Institivamente, abriu a boca e colocou a língua pra fora, provando a água gelada que se formava nela.

Ele não queria chegar ao chão e ser mais um frente aos morros brancos que se acumulavam, muito menos ser pisoteado por botas de borracha que riscavam o chão com suas saliências. Queria um destino melhor, mas estava chegando perto de esvair-se do mundo. Não possuía impulso nem vontade próprios. O vento lhe arrastava para os lados e para baixo. Nem ao menos uni-me a nenhum outro floco para trocar uma idéia. Chegaria ao chão como mais um...

Ao ver um morro na frente de casa, Luisa correu e, como se quisesse abarcá-lo com suas pequenas mãos protegidas por luvas, pulou de frente, caindo suavemente e sentindo o peso do corpo projetar seu contorno na neve. Saiu correndo e pulando mais vezes, em cima de outros morrinhos, ou então somente pulando com as mãos pra cima, como que querendo guardar os flocos para si. O sorriso, deixando à mostra seus dentinhos superiores, refletia o espírito daquela criança brincando em meio ao que homem não pode captar, só sentir: a felicidade.

Deixou-se desfalecer. Quase já não sentia emoção em ver mais de perto as árvores e as cores que eram tão pequenas quando nasceu.

E
ia
cain

do

pra esquerda...
pra direita...

21 de jan. de 2007

Parte 1


O tempo estava frio, ainda era cedo da manhã. O sol timidamente ameaçava raiar, mas encontrava-se encoberto por nuvens, deixando somente entrever uma tonalidade azulada que coloria as ruas e as árvores da cidade de uma só cor.

Lá em cima, a umidade promovia a união de pequenas gotículas de água espalhadas pela imensidão do céu. A temperatura estava mais baixa àquela altura e pequenos flocos de neve começavam a se formar e se precipitar por entre as nuvens, por vezes unindo-se a outros e formando bloquinhos maiores.

Ao contemplar de cima a vista de tudo que compunha a cidade, um floco de neve começou a refletir, enquanto caia, sobre a brevidade de sua existência. Inúmeros seriam o empecilhos até chegar ao chão: pouca umidade, um raio de sol, o vento desagregando-o em partes menores e mais fáceis de derreter...

No entanto, não era só ele a pensar sobre o que poderia acontecer. Diversos outros flocos de neve também caiam, desejando isso ou não... O futuro de todos era fadado quase à mesma coisa.

Luisa abriu os olhos, levantou-se e espiou através da janela fechada pelas cortinas horizontais cor bege. Pareceu-lhe que de alguma forma não havia acordado ainda, pois o que via era a neve se formando em cima dos carros estacionados na rua, no chão e até nas plantas que ela plantara no verão, no vaso ao lado de sua bicicleta rosa. Ao encostar seu rosto no vidro, tornou suas bochechas mais rosadas, reiterando sua silhueta de criança.

Ela juntou então suas pantufas, e foi ao armário. Agasalhe-se devidamente quando for sair. Vestiu um moleton cinza escuro com capuz, mas seus cabelos encontraram proteção no gorro amarelo que ganhara de presente de sua mãe. Colocando o cachecol de pano ao redor de seu pescoço, saiu furtivamente, sem dar motivos para seus pais acordarem...

20 de jan. de 2007

Fotos...


...Um dia eu ainda tiro foto tipo assim...


[Tina Turner - We Don't Need Another Hero]



13 de jan. de 2007

Dia Especial

Hoje é um dia especial, pelo menos pra nós lá de casa... Meus pais tão fazendo aniversário de casamento hoje, 24 anos, dos quais presencio quase 22. A gente sempre teve um bom relacionamento, estando próximos os três, fazendo programas juntos e vivendo no mesmo teto. Ano passado isso mudou um pouco porque meu pai foi trabalhar fora e eu vim pra cá pra fazer Mestrado. Minha mãe ficou a habitar lá em casa fisicamente sozinha, mas de vez em quando "faz excursão lá pro lado dos mato" onde meu pai trabalha =P Eu falei, no início dessa mudança, que a distância nem sempre separa, e comprovei que eu estava certo. Ano passado a gente cresceu bastante como família, mais do que havia ocorrido em anos anteriores (e vocês dois sabem como).

Lembro de uma vez que eles tavam fazendo aniversário de casamento e a gente foi jantar na Família Giuliano. Eu, inicialmente não querendo ir com o propósito de deixá-los a sós, rapidamente mudei de idéia quando minha mãe me chamou pra ir pela segunda vez... eu queria era tá perto deles e comer bem hehehehe =P (o que pode ser ainda mais evidenciado quando eu me incluía nos jantares de trabalho do meu pai em que ele levava minha mãe... comida boa era garantida no restaurante que eles iam).

Se a nossa família hoje é tão legal, divertida, unida e íntegra é porque isso foi fruto da união dessas duas pessoinhas aí de cima: Tatai e Mamãe. Tem também logicamente as nossas famílias que influenciaram de várias formas louváveis, mas eu vou ser egoísta e quero dar os méritos todinhos pros meus pais, como filho babão que eu sou =P

À eles eu devo a minha educação, o meu conhecimento, os meus esforços, os meus princípios e a vida que eu tenho =)

Beijão pra vocês e eu amo vocês dois DEMAIS !!

Assim como eu sou único pra vocês, vocês são únicos pra mim =)

Parabéns pra vocês =D

Victor

p.s.: Eu encontrei a música de vocês dois pra vocês ouvirem no final do post =P

[Dalva de Oliveira - Carinhoso(Pixinguinha)]

11 de jan. de 2007

Um dia após o outro...

Nada como isso... acordei hoje de uma forma meio estranha... estava eu no meu vigésimo segundo sono e eis que ouço o Leonardo falar em nevasca, imediatamente meu sonho se transforma em eu acordando aqui no quarto e olhando pra janela, onde só se via neve caindo e em cima dos carros, uma tempestade basicamente. Em seguida, olhava pro chão e via neve - sim, parecia teto furado ou então era gesso descascando =P ... o chão tava branco...

Pra minha decepção, quando eu acordei não havia neve, mas sim um sol que começava a ensolarar o dia... fiquei pedindo à Deus que ele mudasse o tempo pelo menos pra chuva, pra eu conseguir encarar o dia de hoje. Razão: texto mal lido pra aula de Engenharia de Software e uma reunião com o Dr. Horse. Culpado: Dan Brown, autor de O Código da Vinci, livro o qual não consigo largar uma vez que pego pra ler.

A minha única aula até que foi boa, a matéria eu já vi na cadeira de Inteligência Artificial na faculdade (tava me perguntando um dia desses se Mestrado ainda é época de "faculdade" ou é algo mais complexo e "velho" =P). Já tem homework pra fazer, ou seja, é bom terminar de ler o livro logo hehehehe...

No almoço, lá tava eu com ele na engenharia.. nós 3: eu, fettucini alfredo com brócolis e o Código da Vinci. O relógio era um mero coadjuvante tentando em vão alertar que tava perto da hora de me encontrar com o Dr. Horse e que eu devia ensaiar o que ia falar, pois era a primeira reunião da pesquisa...

Saí da engenharia, peguei um frio danado de bom mais um vento que faz tremer a espinha (sim, Deus me atendeu, o dia ficou nublado aqui...) e fui pro laboratório, imprimi um texto, ensaiei alguma coisa pra falar pro Dotô e fui pra sala dele.

Reunião tranquila, me senti à vontade falando com ele, bem informalmente e eu senti que as coisas tão melhorando, como se a gente tivesse trabalhando junto e ele tivesse me supervisionando (isso é meio óbvio pra uma pesquisa, mas não era até agora em se tratando de Dr. Horse). No final já tava até perguntando se ele tinha ido pra América do Sul, se a mulher dele tinha gostado da toalha de renassaince (de renda) que eu tinha dado (que pediu a ele pra me agradecer pelo presente), enfim, algo bem mais descontraído... lembrei imediatamente do Cláudio Gomes, professor de Matemática que tinha fama de ser bruto. Tinha um professor de português no mesmo ano que ensinou a gente a amansar a fera e pensei que eu também tô fazendo isso...

Depois fui deixar outra toalha pra uma secretária da computação e ficamos conversando um bom tempo, sobre família, mercado de trabalho e coisas afins... até dar a hora de ir pra uma palestra de um candidato a professor do departamento. Palestra chata, slides não legíveis e sotaque chinês: acho que o palestrante, Dr. Xixi Wang, deveria ter pensado em uma forma melhor de apresentar a proposta dele...

Acabou a palestra, peguei o ônibus, enfrentei o frio, voltei pra casa, fiquei falando com a Ju, minha mãe e me inteirando das notícias da terrinha...

Fazia tempo que eu não falava com o Dalla e o Adilton, foi bom falar com eles também... =D

Agora de noite esfriou tanto que já tá caindo uns floquinhos muito pequenos de neve misturados com uma chuva fina.

Temperatura nominal: -9 celsius
Sensação térmica: Frigorífico, digo, -18 celsius

Previsão pra amanhã: máxima de -7 celsius

Bom dia pra vocês amanhã e aproveitem que é sexta =)

[U2 - The Ground Beneath Her Feet]

7 de jan. de 2007

Cheguei de novo

Depois de quase um mês sem pisar por aqui, por motivos óbvios (estava na terrinha em volta da família, namorada e amigos), chego à terra do outro lado do mundo, no meio do nada, só com campos de milho por perto...

A saudade bateu ontem assim que eu cheguei aqui em casa e hoje, mais forte... fui à missa pra agradecer pela viagem ter sido tranquila, por ter chegado bem e por todo mundo aí estar bem... Eu sei que saudade é normal de se sentir e pedi à Ele que ela seja saudável e que a amostra de carinho e força que todos me deram - e sempre demonstram pra mim - seja o fato que me motive e me dê coragem pra enfrentar essa distância física...

É como minha tia disse pra mim: "Faça do limão, uma limonada" e é com esse pensamento que eu vou enfrentando o dia-a-dia por aqui...

Abraços pra quem passa =)

Victor